As alterações climáticas estão na base da redução do pescado em Angola, afirmou o vice-presidente da Associação de Pesca Artesanal, Semi-artesanal e Industrial de Luanda (APASIL), António Gama, quando interveio na segunda mesa-redonda da IV Conferência E&M Sobre Economia Azul”.
António Gama, um dos integrantes do segundo painel que abordou “Blue bonds, Produção Pesqueira e Sustentabilidade Dos Recursos Marinhos” , afirmou ainda que o cardume deslocou-se para sul, onde é necessário recursos tecnológicos e capacidade dos operadores para chegar lá.
Outra causa apontada pelo vice-presidente da APASIL que dá a sensação de escassez de pescado no mercado nacional, é o aumento da população.
O custo actual do pescado também foi um dos assuntos analisados na segunda mesa-redonda do evento, realizado em Luanda, a 17 de Julho de 2024. Em relação a este facto, António Gama apontou o preço do gasóleo como a causa, clamando assim por tratamento igual entre os operadores.
Segundo o líder associativo, os operadores da pesca industrial, responsáveis por mais de 50% do pescado no mercado nacional, compram o litro de gasóleo a 940 Kwanzas, ao passo que os semi-industriais e artesanais adquirem a 200 Kz, face à subvenção de que beneficiam.
David Gonçalves, agente de navegação, disse que o pescado está longe de ser tão caro como se propala, tendo em conta os custos operacionais. Ao contrário do vice-presidente da APASIL, António Gama, a causa dos altos preços do peixe e outros produtos mar é consequência da falta de controlo.
Para António Onde, director Nacional da Aquicultura, a resolução do problema passa por desenvolver a cadeia de valor, tendo ainda defendido a redução das taxas de importação da ração para a aquicultura.
O académico e investigador, Damião Ginga, apontou igualmente como solução do problema o desenvolvimento da cadeia de valor do sector das pescas. Também é de opinião que se deve melhorar a comunicação entre os operadores e as instituições públicas que tratam dos assuntos do mar.
Durante a intervenção na segunda mesa-redonda, Damião Ginga defendeu ainda a necessidade de levar a literacia azul aos operadores artesanais, pois estes também contribuem para o crescimento da actividade pesqueira.