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“Fomos o primeiro banco angolano a fazer parte do Pacto Global das Nações Unidas”

Cláudio Gomes
28/6/2024
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Foto:
Isidoro Suka

Banco de Crédito do Sul (BCS) vai incorporar produtos financeiros de crédito com pendor de sustentabilidade para estimular a consciência colectiva dos clientes sobre o impacto dos 17 ODS da ONU.

Além do desafio de incorporar produtos financeiros de crédito com pendor de sustentabilidade até o final de 2024, o presidente da comissão executiva (PCE) do BCS, Rafael Kapose, disse à Economia & Mercado, que o banco tem promovido o debate  transversal sobre o tema, tendo em atenção a consciencialização de clientes e colaboradores. Leia a entrevista abaixo.

Como o BCS começa a jornada de sustentabilidade?

Demos os primeiros passos em 2021 quando fomos questionados por um banco correspondente sobre a nossa política de sustentabilidade. Na altura, era um tema que não era suficientemente discutido, mas chamou-nos a atenção porque o referido banco deixou claro que era relevante, caso quisessemos nos relacionar com eles. Foi assim que começamos a nos debruçar sobre a matéria e mais tarde entendemos que era de facto importante para a nossa organização.

Marcamos alguns passos, como a criação da nossa política de riscos ambientais, sociais e de alterações climáticas, bem como identificamos alguns Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organizações das Nações Unidas (ONU). Posteriormente, contratamos uma entidade externa para ajudar a pensar sobre estes temas que até então eram novos para todos nós.

Como foi a experiência na fase embrionária?

Foi uma fase de conhecimento transversal, não só para o Conselho de Administração do BCS, mas para as demais estruturas do banco, razão pela qual decidimos alargar o debate para toda instituição. Em 2022 realizamos workshops e outras sessões formativas internas que permitiram a admissão do banco como membros do Pacto Global da Organização das Nações Unidas. Fomos o primeiro banco angolano a fazer parte do Pacto Global da ONU, embora já existiam outras instituições nacionais, incluindo algumas do sector financeiro.

Em 2023, marcamos outros passos como a elaboração e divulgação do nosso relatório de sustentabilidade que denominamos Relatório do Ano Zero, que foi publicado com o objectivo de definir algumas metas.

Actualmente, qual é o posicionamento do banco em relação aos ODS?

Entendemos que não podíamos avançar com as 17 iniciativas da Agenda 2030 da ONU tendo em conta a nossa capacidade interna e do país. Entendemos que os temas de sustentabilidade devem ser vistos na perspectiva do nosso contexto concreto. Assim, selecionamos quatro iniciativas que são: Educação de qualidade [ODS 4], Igualdade de género [ODS 5], Trabalho digno e crescimento económico [ODS 8], Indústria, inovação e infra-estruturas [ODS 9]. Esses são objectivos que estão directamente ligados a nossa actividade e que de forma célere permite-nos quantificar e avaliar o impacto das respectivas metas na nossa organização. Em relação às metas, definimos cinco, sendo que a primeira está relacionada com o ODS 5, que tem que ver com o número de mulheres em posição de destaque nos três níveis - gestão, coordenação e nível técnico. O acompanhamento da implementação gradual é feito mediante a estes indicadores.

Por quê reforçar a componente de governança?

Reforçamos os temas de governança porque entendemos que é um eixo chave para o reforço dos outros níveis. Somos de opinião que se existir uma boa governação nos processos de créditos e de capital humano (para garantir uma gestão transparente e impactante), os demais eixos se encaixam de forma natural.  A nível do eixo ambiental incluímos alguns indicadores no nosso processo de análise de crédito, mas devidamente adaptadas ao nosso contexto. Temos nos aproximado mais das empresas de modo a ajudá-las gradualmente a garantir que continuem a contribuir para a empregabilidade, mas também para a sustentabilidade.

Como é que o banco lida com resistências a essas matérias?

O tema da sustentabilidade é uma matéria nova para todos, quer para o conselho de administração, como para os directores e todos os colaboradores do nosso banco. O que tentamos fazer, numa primeira fase, foi trazer o tema de forma transversal para  consciencialização porque se as pessoas não compreenderem o impacto gerado nas suas vidas terá sempre alguma resistência. Essa atitude não foi propriamente associada apenas a uma estrutura particular, porque acontece nos diferentes níveis hierárquicos da empresa. Há pessoas mais entusiasmadas e outras vão tomando consciência de forma mais gradual, o que tem permitido reduzir esta resistência e a alcançar pequenos ganhos, sobretudo depois da publicação do nosso relatório. E para ajudar os colaboradores mais cépticos, temos mantido um nível considerável de formações sobre como este tema impacta as nossas vidas.

Qual será o próximo passo?

O próximo passo será introduzir esses temas de forma tangível nos nossos produtos para permitir que os nossos clientes sejam estimulados e percebam como é que o investimento tem impacto em termos de sustentabilidade. Se tudo correr bem, até o final deste ano, teremos produtos com pendor de sustentabilidade, e pelo trabalho que temos feito, dá para perceber que alguns já estão alinhados neste sentido. A título de exemplo a viabilização do Aviso 10.

Sobre o ODS 4, qual é a apreciação do BCS em relação à capital humano na banca?

O sector financeiro não pode ser visto de forma isolada, porque os desafios de capital humano são transversais ao país. Há uma grande massa de jovens a emergir, porém, as oportunidades ainda são escassas. A nível do sector bancário, que é cada vez mais competitivo, é raro encontrar quadros com especialidades muito específicas, e muitos desses, precisam de formação intensiva durante algum período para garantir que estejam preparados para assumir responsabilidades conforme as exigências do sector bancário.

Neste sentido, um dos eixos do Plano Estratégico do BCS está assente na aposta no capital humano para o crescimento do banco. Temos também um quadro formativo a nível comportamental e técnico porque entendemos que ambas são importantes e nos esforçamos para que todos os quadros tenham formação efectiva para o crescimento pessoal e profissional. As questões de formação são cruciais face ao contexto do mercado, porque se as pessoas não estiverem bem formadas e enquadradas é meio caminho para o fracasso.

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Rafael Arcanjo Tchiongo Kapose é um dos accionistas e gestor do BCS, integrou a comissão instaladora em 2015. Actualmente desenvolve acções de promoção de uma cultura organizacional de excelência, tendo em vista os desafios locais e internacionais que passam pela adopção de políticas de sustentabilidade no âmbito do Pacto Global e dos ODS das Nações Unidas.