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Instituições financeiras de desenvolvimento: Angola fora do ‘top 10’ dos países africanos mais atractivos

Victória Maviluka
27/6/2024
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Foto:
DR

Ambiente regulamentar, estabilidade política e protecção dos direitos humanos “influenciam, grandemente, o ‘apetite’” das instituições financeiras de desenvolvimento não soberanas.

Apesar do seu peso económico significativo em África, Angola não faz parte do ‘top 10’ dos países que mais recebem financiamento das instituições financeiras de desenvolvimento não soberanas (IFD), de acordo com o recente relatório do Africa Resilience Investment Accelerator.

O estudo, citado pelo marroquino Le360 Afrique, reporta que os investimentos em África pelas IFD ascenderam a 71,8 mil milhões de dólares entre 2010 e 2023 e centram-se, principalmente, em alguns sectores-chave, com tendências distintas entre grupos de países.

Intitulada ‘Como as instituições financeiras de desenvolvimento estão a promover o crescimento nos mercados africanos’, a pesquisa explica que esta classificação reflecte, em grande parte, o peso económico e demográfico dos países deste Top 10. 

A África do Sul surge em 1.º lugar, com 8,672 mil milhões USD, seguida pela Nigéria (6,896 mil milhões) e pelo Quénia (6,767 mil milhões). Ghana (3,328 mil milhões), Côte d’Ivoire (2,953 mil milhões), Moçambique (2,811 mil milhões), Etiópia (1,678 mil milhões), Tanzânia (1,622 mil milhões), Senegal (1,561 mil milhões) e Uganda (1,345 mil milhões) completam a lista, contabilizando quase 80 % dos investimentos.

Esta classificação destaca a forte correlação (0,84) entre o PIB de um país e os volumes de investimento directo estrangeiro. A África do Sul, a Nigéria e o Quénia, que estão entre os maiores países em termos de PIB na África Subsariana, ganharam quase metade dos investimentos visados. 

Uma tendência semelhante é observada com a população, outro factor chave de atractividade. Contudo, para além destas considerações económicas e demográficas, outros factores entram em jogo. 

O ambiente regulamentar, a estabilidade política e a protecção dos direitos humanos influenciam grandemente o ‘apetite’ das IFD por um país. Assim, apesar do seu peso económico significativo, Angola apenas atraiu 56 milhões de dólares, noticia o Le360, citando dados do estudo.

Por outro lado, observa a pesquisa do Africa Resilience Investment Accelerator, países mais modestos como Moçambique, Serra Leoa e Guiné conseguiram atrair, entre 2020 e 2023, financiamento superior ao seu peso económico, provavelmente graças a reformas favoráveis ​​ao clima de negócios.

Os sectores financeiro e de infra-estruturas concentram dois terços do investimento directo estrangeiro em África, com uma percentagem a subir para 73% nos países mais ricos. 

Contudo, nas economias menos desenvolvidas, a agricultura representa até 20% do financiamento, um sinal da diversidade de necessidades do continente.

Para atrair mais investimentos essenciais para o seu desenvolvimento, muitos países africanos terão, portanto, de continuar os seus esforços no sentido da boa governação, aumentando simultaneamente as oportunidades de negócios viáveis ​​em sectores-chave. Um grande desafio, mas um passo necessário para desbloquear totalmente o potencial empresarial e económico de África, conclui o estudo.

As IFD

Uma instituição financeira de desenvolvimento não soberana é uma entidade que oferece financiamento e suporte para projectos de desenvolvimento, mas que não é controlada ou financiada exclusivamente por um único governo soberano. 

Estas instituições podem ser financiadas por uma combinação de governos, organizações internacionais, instituições privadas e outros stakeholders.

Alguns exemplos de instituições financeiras de desenvolvimento não soberanas incluem o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).