Os manifestantes voltaram às ruas na capital do Quénia, Nairobi, para protestar contra as mortes de dezenas de jovens manifestantes e contra a governação do presidente da República, William Ruto, aquém culpabilizam pela degradação do tecido social e económico do país, noticiou esta semana, a Deutsche Welle (DW).
Segundo a radiodifusão alemã, a promulgação de uma lei financeira que previa a subida dos impostos, foi apenas a ‘gota de água’ para desencadear uma de protestos contra o aumento do custo de vida no Quénia que levou a vida de dezenas de manifestantes e provocou danos à várias infra-estruturas críticas do país.
"Continuamos com os protestos hoje porque queremos ter certeza que as nossas preocupações são ouvidas", afirmou o advogado Hussein Khalid, responsável pelo grupo de defesa dos direitos humanos Haki Africa, com sede no Quénia.
Não obstante o presidente queniano ter recuado da medida, os manifestantes voltaram às ruas e pedem, desta feita, em uníssono, a demissão ‘imediata’ de William Ruto, chefe do governo desde 2022.
Para afugentar a ‘legião’ de jovens que questionam a gestão do governo, a polícia fez recurso ao gás lacrimogéneo na esperança de dispersa-los depois de em gesto de ‘vandalismo’ estes terem ateado fogo na estrada principal que atravessa o centro da capital, Nairobi, e também por terem atirado pedras contra o contigente policial.
Por precaução, de acordo com a DW, algumas embaixadas acreditadas no território queiniano (EUA, Ucrânia e a Polónia), pediram aos cidadãos para evitar a permanência em locais com muita gente.
Apelo ao diálogo
Citado pela DW, o presidente William Ruto disse que "não tinha sangue nas mãos", negando ser ele responsável pelos ‘excessos’ da polícia que vitimaram a vida de manifestantes, tendo se comprometido, em sentido contrário, responsabilizar qualquer polícia "que tenha agido fora da lei".
As declarações foram feitas durante uma entrevista à televisão queniana, onde o presidente da República do Quénia lamentou as mortes. Apesar dos manifestantes exigirem a demissão de William Ruto, o presidente diz-se aberto para conversar e ouvir mais os jovens.
"Os jovens não querem mais conversas. Sentem que têm sido ignorados. E notam que os políticos têm esbanjado quando muitas pessoas sofrem", afirmou a activista Judy Achieng, da organização Saisa Place, que acusa o governo queniano de pretender silenciar os jovens.
A lei financeira considerada ‘ilegítima’, promulgada em Julho do ano passado, previa a introdução de novos impostos ou aumentos sobre o preço dos produtos básicos, o que desencadeou protestos violentos em todo o país.
Com uma população de pouco mais de 50 milhões de habitantes, o país testemunhou, em Agosto de 2023, a subida do preço da gasolina para 22%, da electricidade para quase 50% e dos produtos de primeira necessidade para quase 60% e 31%, embora a inflação tenha reduzido para 6,7%.