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Quenianos voltam às ruas e pedem demissão ‘imediata’ do presidente William Ruto

Cláudio Gomes
3/7/2024
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Foto:
DR

Manifestantes temem que o novo projecto de lei, que prevê a introdução de novos impostos e/ou aumentos do preço dos produtos básicos, e consequentemente concorra para o agravamento da pobreza no país.

Os manifestantes voltaram às ruas na capital do Quénia, Nairobi, para protestar contra as mortes de dezenas de jovens manifestantes e contra a governação do presidente da República, William Ruto, aquém culpabilizam pela degradação do tecido social e económico do país, noticiou esta semana, a Deutsche Welle (DW).

Segundo a radiodifusão alemã, a promulgação de uma lei financeira que previa a subida dos impostos, foi apenas a ‘gota de água’ para desencadear uma de protestos contra o aumento do custo de vida no Quénia que levou a vida de dezenas de manifestantes e provocou danos à várias infra-estruturas críticas do país.

"Continuamos com os protestos hoje porque queremos ter certeza que as nossas preocupações são ouvidas", afirmou o advogado Hussein Khalid, responsável pelo grupo de defesa dos direitos humanos Haki Africa, com sede no Quénia. 

Não obstante o presidente queniano ter recuado da medida, os manifestantes voltaram às ruas e pedem, desta feita, em uníssono, a demissão ‘imediata’ de William Ruto, chefe do governo desde 2022. 

Para afugentar a ‘legião’ de jovens que questionam a gestão do governo, a polícia fez recurso ao gás lacrimogéneo na esperança de dispersa-los depois de em gesto de ‘vandalismo’ estes terem ateado fogo na estrada principal que atravessa o centro da capital, Nairobi, e também por terem atirado pedras contra o contigente policial.

Por precaução, de acordo com a DW, algumas embaixadas acreditadas no território queiniano (EUA, Ucrânia e a Polónia), pediram aos cidadãos para evitar a permanência em locais com muita gente. 

Apelo ao diálogo

Citado pela DW, o presidente William Ruto disse que "não tinha sangue nas mãos", negando ser ele responsável pelos ‘excessos’ da polícia que vitimaram a vida de manifestantes, tendo se comprometido, em sentido contrário, responsabilizar qualquer polícia "que tenha agido fora da lei".

As declarações foram feitas durante uma entrevista à televisão queniana, onde o presidente da República do Quénia lamentou as mortes. Apesar dos manifestantes exigirem a demissão de William Ruto, o presidente diz-se aberto para conversar e ouvir mais os jovens.

"Os jovens não querem mais conversas. Sentem que têm sido ignorados. E notam que os políticos têm esbanjado quando muitas pessoas sofrem", afirmou a activista Judy Achieng, da organização Saisa Place, que acusa o governo queniano de pretender silenciar os jovens.

A lei financeira considerada ‘ilegítima’, promulgada em Julho do ano passado, previa a introdução de novos impostos ou aumentos sobre o preço dos produtos básicos, o que desencadeou protestos violentos em todo o país.

Com uma população de pouco mais de 50 milhões de habitantes, o país testemunhou, em Agosto de 2023, a subida do preço da gasolina para 22%, da electricidade para quase 50% e dos produtos de primeira necessidade para quase 60% e 31%, embora a inflação tenha reduzido para 6,7%.