3
1
PATROCINADO

“Semanalmente registamos no País muitos sismos leves” - director do INAMET, João Afonso

Victória Maviluka
5/6/2024
1
2
Foto:
DR

Seis províncias angolanas foram, hoje, abaladas por um sismo. João Afonso, director do INAMET, aborda, ao E&M, a ocorrência e as apostas no reforço da rede nacional de controlo sísmico.

Que informações o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Angola (INAMET) dispõe do sismo que abalou, esta manhã, algumas províncias do País?
Houve um sismo, cujo epicentro foi o oceano Atlântico, a 142 quilómetros da cidade do Namibe. A magnitude do sismo foi de 5.4 na escala de Richter, e ocorreu às 9h42, horário local.

Quais as províncias afectadas?

As províncias que nós recebemos relatos do fenómeno são Kwanza-Sul, Benguela, Huambo, Bié, Huíla e Namibe.

Qual delas sentiu maior abalo do fenómeno?

Este dado quem tem que passar é o Serviço de Protecção Civil.

Existe alguma explicação para este sismo?

A nossa rede sísmica é relativamente recente. No ano 2023, o INAMET foi contemplado com uma rede sísmica com sensores de última geração em cinco províncias: Lunda-Norte, Bengo, Kwanza-Sul, Moxico e Huíla. Do ano passado para cá, nós temos registado muitos sismos, mas a política do INAMET é comunicar para imprensa apenas sismos com uma magnitude acima de 4.5, ou seja, semanalmente, nós registamos, no País, muitos sismos leves, que são ocorrências, diríamos, normais.

E de lá para cá, quantos sismos com magnitude igual ou superior a 4.5 foram registados?

Com mais ou menos esta intensidade, nós tivemos, o ano passado, entre o Bié e o Huambo um sismo de 5.2, menor do que este. Felizmente, o epicentro do sismo desta segunda-feira foi no oceano Atlântico, porque se fosse no continente, em terra, os estragos seriam maiores.

Que ameaças representam estes sismos?

Normalmente, o sismo não se prevê. No entanto, nós monitoramos com a nossa rede para conseguirmos determinar as regiões com falha sísmica activa.

Qual é a relevância deste monitoramento?

Nós temos cinco sensores, que não nos permitem detectar micro sismos, que são sismos muito pequenos, abaixo de 1. Nós não conseguimos identificar sismos pequenos, porque a nossa rede ainda não é suficiente para os detectar. Só conseguimos detectar sismos acima de 1.8.

E quando é que o País passará a detectar estes pequenos sismos? 

Nós vamos inaugurar, no dia 17 deste mês, mais uma estação sísmica na Cáala, no Huambo. Isso quer dizer que, naquela região entre o Huambo, Kwanza-Sul e Huíla, já teremos umas três estações, o que nos permitirá registar sismos mais pequenos, que ocorrem naquela região.

Perguntava sobre a relevância do mapeamento… 

Se conseguirmos, diariamente, registar estes sismos, nós, depois, faremos um mapa, onde projectaremos toda a ocorrência de sismos durante um período e, aí, conseguiremos detectar onde está a ocorrer mais sismos, principalmente micro sismos, que são regiões de falha sísmica activa.

Esta informação seria, portanto, útil para a segurança, sobretudo, das populações.

Sim. Se fizermos o mapeamento das falhas sísmicas, vamos saber as regiões em que se registam mais sismos, e, aí, já se saberá onde não construir ou construir mas com instalação de tecnologias resistentes a sismos.

Por que razão este trabalho de alerta não é feito, tendo em conta os sensores já disponíveis? 

Precisamos de aumentar a nossa rede sísmica e ter um tempo relativamente suficiente - vamos falar de seis anos - de colheita de dados para podermos partilhar esta informação. Mas o mais importante é termos mais estações sísmicas no País para podermos detectar sismos com uma magnitude inferior a 1.8.