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Quatro países africanos na ‘linha da frente’ para produção de vacinas com apoio da UE

Victória Maviluka
25/6/2024
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Foto:
DR

Projecto visa melhorar a procura de vacinas fabricadas em África e apoiar o crescimento sustentável da sua base produtiva, reflectindo as ambições geopolíticas e económicas de Bruxelas.

AVMA é como foi apelidada uma iniciativa com o apoio da União Europeia que visa promover o surgimento de uma capacidade industrial africana para a produção de vacinas até 2034. África do Sul, Rwanda, Senegal e Ghana são os países do continente inscritos no projecto e que já deram ‘sinais de vida’ na implementação do programa.

No calor da Covid-19, escreve a imprensa marroquina, quando a pandemia expôs as vulnerabilidades das cadeias globais de abastecimento de vacinas, a União Africana afirmou a sua ambição de produzir localmente 60% das vacinas necessárias ao continente. 

A União Europeia prestou apoio financeiro e técnico substancial para este objectivo, com a Comissão Europeia a revelar, a 20 de Junho último, as linhas gerais do novo marco da sua iniciativa ‘Fabricação e Acesso a Vacinas, Medicamentos e Tecnologias de Saúde’ (MAV+), centrada no desenvolvimento de um ecossistema industrial farmacêutico africano viável, e no seu apoio financeiro ao Acelerador Africano de Fabrico de Vacinas (AVMA).

Num recente discurso em Paris, a Comissária Europeia para Parcerias Internacionais, Jutta Urpilainen, anunciou o lançamento da AVMA com uma contribuição de 220 milhões de euros (cerca de 236 milhões de dólares) da Comissão Europeia, elevando o compromisso total da ‘Team Europe’ para mais de 800 milhões de euros (perto de 853,2 milhões USD). 

Este instrumento inovador, que visa “melhorar a previsibilidade da procura de vacinas fabricadas em África” e “apoiar o crescimento sustentável da base produtiva africana”, também reflecte as ambições geopolíticas e económicas de Bruxelas.

Citada por Jutta Urpilainen, a África do Sul é apresentada como “já produzindo vacinas essenciais”. Este reconhecimento reflecte vários anúncios, incluindo o da Johnson & Johnson datado de Março de 2022, que menciona um acordo com a Aspen Pharmacare da África do Sul para permitir o fabrico e a disponibilidade da vacina contra a COVID-19 da Johnson & Johnson para pessoas que vivem em África. Um acordo que visava aumentar as taxas de vacinação em África e garantir o acesso equitativo às vacinas.

Com o seu ecossistema industrial relativamente desenvolvido e capacidade demonstrada para realizar transferências tecnológicas complexas, a África do Sul está bem posicionada para acolher um dos quatro fabricantes africanos de vacinas até 2034 visados ​​pela AVMA.

Instalações tomando forma no Rwanda e Senegal 

A Comissão Europeia destaca, citada pela imprensa marroquina, que “instalações de produção de última geração” estão a tomar forma no Rwanda e no Senegal”. 

Quanto ao Rwanda, refere-se ao projecto da fábrica de biomedicina da empresa alemã BioNTech, que optou por instalar, em 2023, uma unidade de produção de vacinas de mRNA, em Kigali. 

A unidade será equipada com dois BioNtainers e deverá empregar aproximadamente 100 pessoas até o final de 2024. A BioNTech prevê concluir a construção do estabelecimento fabril em 2024 e iniciar a produção de lotes de vacinas de mRNA para validação do processo em 2025. 

Esta unidade de fabricação poderá tornar-se a primeira instalação de produção comercial em grande escala de vacinas de mRNA no continente africano.

À semelhança do Rwanda, Senegal surge igualmente contemplado no plano da AVMA de instalação de produção de vacinas de última geração.

Na base da selecção estratégica destes dois países, refere ainda a imprensa do país monárquico africano, está o facto de combinarem estabilidade política, vontade reformista e visão a longo prazo para o seu desenvolvimento industrial e sanitário.

Contudo, estes megaprojectos exigirão transferências significativas de tecnologia e competências. A sua realização dependerá da formação adequada e qualificada de pessoal científico e técnico local, bem como do apoio de parceiros industriais confiáveis.

Ghana, pronto para seguir

O Ghana ocupa um lugar de destaque na estratégia africana de vacinas, de acordo com a Comissão Europeia, estando “preparado para seguir o exemplo”.

Deve-se notar que este tipo de instalação ‘chave na mão’ representa um primeiro passo para aumentar a soberania das vacinas para este país da África Ocidental.

“Com este investimento de mais de 800 milhões de dólares, reafirmamos o nosso compromisso com a autonomia sanitária de África e a preparação global contra futuras ameaças à saúde”, sublinhou Jutta Urpilainen.

Outros países poderiam beneficiar deste financiamento para desenvolver ou reforçar as suas capacidades de produção de vacinas, de acordo com a ambição dos países africanos, conforme destacado pela Comissária Europeia para Parcerias Internacionais. 

“O Acelerador Africano de Fabrico de Vacinas é o próximo passo para alcançar a ambição de África de produzir 60% das vacinas localmente”, afirmou Jutta Urpilainen.